sábado, 1 de setembro de 2012
Quem sou eu?
Certa vez, ouvi de um amigo que repetir para si mesmo quem você é, é um exercício que pode nos ajudar dia a dia a não perdermos nosso foco. Esse amigo contava que ele sempre dizia quem ele realmente era para ele mesmo e isso o ajudava a manter o que estava correto em sua vida e corrigir o que estava errado. Porém, a sinceridade é algo que nunca deve faltar. Aqueles que apresentam sintomas de perfeccionismo, muitas vezes se negam a encarar como realmente são. O "verdadeiro eu" é escondido sob uma aparência do que a pessoa pensa que seria um "eu" aceitável para aqueles que estão ao seu redor. E isto se inicia muito cedo. Ao longo de sua formação, a criança recebe informações sobre si mesma, sobre Deus e sobre outras pessoas, bem como seu relacionamento com elas. Quando as informações passadas são negativas, a criança conclui que ela não poderá agradar aos outros, ou a Deus a menos que se torne uma pessoa diferente de quem ela realmente é. É claro que este processo não é consciente. Ela apenas percebe a necessidade da mudança e, inconscientemente, se esconde em uma imagem do que ela pensa que seria agradável. Assim, surge um "super eu", uma imagem falsa, idealizada, que acreditamos precisas ter para sermos aceitos e amados pelos outros. Fomos levados a crer que, se fôssemos nós mesmos, se as pessoas nos conhecessem como realmente somos, não seríamos amados. Existem duas maneiras sutis de apresentar o nosso "super eu" para Deus. A primeira é aquela que nos transporta para o futuro. Aquela pessoa que diz a Deus: "Senhor, você sabe que não sou esse cristão tão perfeito, mas um dia serei. Um dia orarei mais, serei mais estudioso da Bíblia...". Outra forma é penalizar quem realmente somos. Aquela pessoa que diz a Deus: "Senhor, não olhe para quem eu realmente sou, sou um nada, sou um fracasso. Eu odeio quem eu realmente sou e sei que o Senhor também odeia...". O fato é que precisamos encarar e admitir quem realmente somos. Deus não está interessado no "super eu", mas no "verdadeiro eu". Foi por você, pelo "verdadeiro eu", que Jesus morreu. Um grande problema é que esta imagem que projetamos de nós mesmos, o "super eu", não admite erros. Existem alguns sentimentos que devem ser ignorados, devem ser esmagados e não podem existir no verdadeiro cristão, diz o "super eu". Quando olhamos para a Bíblia, percebemos que os grandes homens de Deus não eram isentos de suas emoções. Existe uma ideia nociva e antibíblica que o cristão não pode ter raiva. Em Marcos 3:5 encontramos o próprio Jesus com raiva. Muitos dizem: "Ah, mas isto aqui é ira santa!". Confesso que até hoje não consegui entender o significado desta expressão! Não seria mais fácil admitirmos que a ira, que é a raiva, não é uma emoção pecaminosa (Ef 4:26)? Sem entrar em detalhes, existe uma grande diferença entre sentir raiva e a forma como lidamos com esse sentimento. Outra ideia é a de que na vida do cristão não pode haver conflitos. Isso não é real e nem bíblico. Pense na experiência de Paulo e Barnabé. Uma grande discussão, um grande conflito que resultou na separação dos dois. Contudo, Deus usou essa separação para beneficiar muito mais pessoas do que se eles estivessem juntos. O "super eu" também afirma que um cristão verdadeiro tem que estar sempre alegre, nunca pode estar triste, nunca pode estar mal. Jesus não receou em admitir seus momentos de tristeza. No Getsêmani, Jesus não negou de Deus que "a sua alma estava profundamente triste até a morte". Precisamos admitir quem realmente nós somos. As emoções fazem parte da vida de todas as pessoas, e não é diferente com aqueles que desejam estar perto de Deus. Não pense que você não pode ser querido ou amado por Deus e pelas pessoas por ter sentimentos que você não gostaria de ter. Seja sempre sincero com Deus, abra o seu coração a Ele. Com certeza Ele te aceita e vai te ajudar nessa caminhada e em todo o processo de cura. Você não precisa esconder quem você realmente é para Deus porque o que Ele mais quer é te ajudar para então ver você no Céu. Tenha um ótimo sábado na companhia do nosso bom Deus!
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