Depois de uma breve explanação histórica sobre o desenvolvimento do conceito da salvação, devemos nos perguntar: "O que a Bíblia diz sobre nossa salvação? O que a Bíblia diz sobre justificação pela fé?" Para entendermos sobre o que a Bíblia diz sobre salvação é importante estudar a carta de Paulo aos romanos. É ali que Paulo trata amplamente o conceito de salvação. Iremos estudar brevemente as três primeiras seções deste livro. Na primeira seção (1:16-17) Paulo trata sobre o evangelho; na
segunda seção (1:18-3:20) o apóstolo trata sobre a condenação que repousa sobre
a humanidade; na terceira seção (3:21-5:21) é introduzido a providência divina
para a salvação dos seres humanos.
"Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que
a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O
justo viverá por fé". Para Paulo o evangelho é a história de Cristo. Cristo é o
"poder" de Deus para a salvação de todos. Antes de compreendermos as boas novas, precisamos compreender as más
novas. "A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos
homens que detêm a verdade pela injustiça" (1:18). Todos estão sob a ira de
Deus. Todos estão perdidos.
A ira de Deus é effectus (retribuição
inevitável quando a justiça é desconsiderada) e não affectus (sentimento). Os gentios (no pensamento judeu, todos os que não pertencem ao seu povo)
estão perdidos porque foram desobedientes a revelação natural de Deus. "Porque
os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua
própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo
percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis" (1:20). Por outro lado, os judeus estão perdidos porque confiaram na sua justiça para a
salvação. "Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que
sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as
próprias coisas que condenas... Se, porém, tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te
glorias em Deus; que conheces a sua vontade e aprovas as coisas excelentes,
sendo instruído na lei; que estás persuadido de que és guia dos cegos, luz dos
que se encontram em trevas, instrutor de ignorantes, mestre de crianças, tendo
na lei a forma da sabedoria e da verdade; tu, pois, que ensinas a outrem, não
te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Dizes que
não se deve cometer adultério e o cometes? Abominas os ídolos e lhes roubas os
templos? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?
Pois, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa
causa." (2:1, 17-24). Depois de deixar claro que toda a humanidade está perdida, Paulo
introduz a solução divina para esse enorme problema: "Mas agora, sem lei, se
manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas" (3:21).
Aqui é descrita a justiça como um dom, a justiça comunicada. Para Paulo, não existe uma contradição entre lei e fé. "Anulamos, pois,
a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei" (3:31). Cada
uma tem a sua função. Para os judeus, Abraão é o exemplo daqueles que são justificados
pela lei, e para deixar claro que a salvação não provém de méritos humanos, Paulo cita um trecho especial da vida de Abraão onde Deus o declara justo sem suas boas obras. "Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi
imputado para justiça. Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como
favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que
justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça. Mas, ao que não
trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída
como justiça" (4:3-5). Em seguida, o apóstolo passa para o exemplo de Davi que era o contrário de Abraão. "E
é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui
justiça, independentemente de obras: Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades
são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; bem-aventurado o homem a quem o
Senhor jamais imputará pecado" (4:6-8). Abraão é justificado porque Deus lhe
imputa justiça; Davi, porque Deus não lhe imputa pecado. A lição é a mesma: a
justiça da fé perante Deus. Depois, para anular qualquer ideia de obras que tenham valor para a salvação, Paulo segue para o exemplo da circuncisão que, no pensamento judaico, era indispensável para a salvação. "Vem, pois, esta bem-aventurança exclusivamente sobre os
circuncisos ou também sobre os incircuncisos? Visto que dizemos: a fé foi
imputada a Abraão para justiça. Como, pois, lhe foi atribuída? Estando ele já
circuncidado ou ainda incircunciso? Não no regime da circuncisão, e sim quando
incircunciso" (4:9 e 10). Abrão é declarado justo em Gn 15 e é circuncidado em
Gn 17. Entre estes capítulos temos quase 15 anos de diferença. "Pois nem a
circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura" (Gl
6:15). Assim, Paulo destrói os dois pilares da salvação para os judeus para
salientar uma verdade que muitos não compreendem até hoje: A salvação repousa
unicamente nos méritos de Cristo! É comum ouvirmos a pergunta: "Se Jesus voltasse hoje, você estaria preparado?" Poucos são aqueles que respondem afirmativamente. Nossa reação natural é
olharmos para a nossa vida e medirmos nossas obras. Mas o que Deus mais deseja
é que tenhamos a plena certeza da nossa salvação, porque ela não depende do que
eu faço ou deixo de fazer, mas depende do que Cristo fez por mim. Desfrute a
alegria da salvação que há em Jesus, viva esta salvação. Que a alegria da
salvação em sua vida contagie muitas pessoas a conhecerem este mesmo Deus
maravilhoso e poderoso que você conhece. Ele fez tudo para, muito em breve, ver você no Céu.
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