quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A fé na fé!


O termo justificação pela fé pode trazer certa confusão. Seria a fé meritória diante de Deus? Teria a fé um papel fundamental na salvação e apenas aqueles com um "tamanho mínimo de fé" seriam capazes de aceitar a Cristo e Sua salvação? Antes de entendermos o que é fé, é importante entendermos o que a fé não é: (1) A fé não é o meio, mas a base para a salvação - O termo justificação pela fé pode trazer a ideia de que a fé é o meio para se atingir a justificação. Porém, como vimos até agora, a justificação é uma obra exclusivamente divina. Mais uma vez, repetimos que "a justificação é a obra de Deus ao jogar no pó a glória humana". Paulo nos diz claramente que "pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus" (Ef 2:8). Somos salvos pela graça (elemento primário) mediante a fé (instrumento). Isto elimina o sentimento de superioridade em algumas pessoas que julgam serem mais espirituais do que outras por possuírem uma grande fé; (2) Não é o elemento primário da salvação - O elemento primário da salvação é a graça. Mais uma vez citamos Efésios 2:8 que diz: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus"; (3) Não é meritória em si mesma - Em Lc 7:1-10 temos o relato do centurião que foi até Jesus buscando a cura de seu servo. Neste relato Jesus elogia a fé daquele romano. Contudo, fica a pergunta: "Aquele homem tinha grande fé, mas se ele tivesse recorrido aos fariseus, através de sua fé, os fariseus teriam curado seu servo?" A resposta é clara: Não! Os fariseus não teriam curado o servo porque a fé vale pelo seu objeto. Aquele soldado romano colocou sua fé no "objeto" correto – Cristo; (4) É a parte humana na justificação, mas não é auto-gerada, é um dom - A fé é um dom de Deus. Não temos capacidade de gerar fé pela nossa própria vontade. Este dom é concedido aos homens e cabe a estes cultivá-lo; (5) Não vale pelo seu tamanho - Encontramos o seguinte relato de Jesus em Mt 17:20: "Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível". E muitos julgam não ter fé nem do tamanho de um grão de mostarda por não conseguirem tal feito! A ênfase de Jesus é que mesmo uma pequenina fé, posta no objeto correto, pode ter o poder para efetuar grandes coisas. A ênfase não está no tamanho da fé! A fé vale pelo seu objeto e não pelo seu tamanho. Muitas pessoas depõem sua fé no objeto errado, mas o simples fato de terem fé não lhes trará benefício. Para a salvação, em especial, muitos depõem sua fé em sacramentos, doutrinas, obras, sentimentos, caráter (perfeccionismo) ou até mesmo na própria fé (existe a fé na fé!). Uma pequenina fé, agarrada a Cristo – é tudo o que precisa um pobre ser humano destituído de Deus. Entendido o que a fé não é, passamos ao que a fé é: (1) Transferência de confiança - Em seu significado mais básico, fé é transferência de confiança. Nos antigos escritos gregos a palavra pístis (fé) é usada para descrever um náufrago que encontra um pedaço de madeira no meio do oceano e se agarra a isto até que o socorro chegue. Fé é confiar, agarrar-se em seu objeto. Para nós, agarrar-se a Cristo, até que o nosso Salvador venha nos buscar; (2) É mais algo que fazemos do que temos - A crença se torna fé no ponto da ação. Ao falar sobre fé, a Bíblia relata que "Abel ofereceu, Noé obedeceu, Moisés decidiu" e assim por diante; (3) Possui três dimensões - Conhecimento: Apesar de não ser sinônima de conhecimento, ela não é vazia de conhecimento. A sinceridade não tem poder para salvar. Você pode ser sincero, mas estar sinceramente errado! Você pode ter fé em Baal, mas isto não faz dele um deus! Certeza: Convicção naquilo em que você foi informado. Compromisso: O diabo conhece e tem certeza, mas nunca chegou ao estágio do compromisso. Quando não temos um compromisso com Deus, estamos no mesmo nível do diabo! Existe um grande problema ao enfatizarmos as duas primeiras dimensões da fé e esquecermos da terceira. Todos os pontos abordados até aqui enfatizam a realidade de que a salvação é para todos. Não apenas para a igreja. Não apenas para os "espirituais". Não apenas para os de "grande fé". Sendo assim, por que pregar então? Se eu quiser ir de São Paulo ao Rio de Janeiro a pé em dias chuvosos eu posso até chegar, mas não seria melhor e mais seguro se eu estivesse dentro de um confortável automóvel? Conhecendo o evangelho, as chances que alguém tem de aceitar a Cristo não são maiores? Hoje precisamos reconhecer que nada temos a oferecer para Deus, mas se estivermos dispostos, Ele pode transformar o nada em alguma coisa e nos transformará em condutos da salvação a muitas pessoas que estão desanimadas, desesperançadas e pensam que não possuem fé suficiente para andarem nos caminhos do Senhor.

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